O 5G e as tecnologias de comunicação e conectividade já são cada vez mais realidade ao redor do mundo e no Brasil. Mas, para entender o que virá pela frente, é importante saber como chegamos até aqui. Desde 2016, o 3GPP – 3rd Generation Partnership Project’, uma iniciativa global composta por empresas e associações de Telecom, que garante os padrões e mecanismos de segurança adequados para que bilhões de pessoas possam acessar as comunicações móveis em diversas partes do mundo – vem trabalhando no sistema e na segurança 5G, utilizando ‘Releases’ (ciclos) para caracterizar suas Fases de Lançamento, até o momento Fase 1 e Fase 2.
O 3GPP separa os tópicos a serem padronizados em diferentes atividades e hierarquias, organizando os sistemas de comunicação em três grupos de trabalho de especificações técnicas que se adaptam de forma dinâmica às mudanças do ecossistema. Sempre que um novo recurso ou funcionalidade deva ser adicionado aos padrões, são determinados ciclos de atividades em três estágios. O primeiro estágio se refere à introdução dos primeiros casos de uso e cenários para os novos serviços e aplicativos, juntamente com os (novos) requisitos relacionados na arquitetura do sistema.
No segundo estágio são propostas alterações para as diferentes partes dos blocos arquitetônicos inferiores do sistema de comunicação, protocolos e mensagens. E, se preciso, novos blocos arquitetônicos podem ser sugeridos para considerar eventuais novas funcionalidades. Finalmente, no terceiro estágio, as camadas superiores das pilhas de protocolo e os novos protocolos de comunicação e mensagens são aprimorados. A implementação completa de um recurso só é obtida a partir do resultado geral de um ciclo. Portanto, cada release é composto por um conjunto de blocos de arquitetura, protocolos, funcionalidades e mensagens novos ou aprimorados, a serem adicionados ao sistema previamente existente. E uma versão é ‘congelada’ quando nenhum novo recurso pode ser acrescentado.
Em 2016, a Fase 1 do 5G, com o ‘Release 15’, focou, principalmente, em serviços de banda larga móvel aprimorada e na construção dos blocos básicos do sistema 5G, descrevendo o acesso ao novo sistema. Foram introduzidos novos conceitos, como divisão de rede e mecanismos de virtualização, e interfuncionamento com sistemas celulares legados (2G, 3G, 4G / LTE) e outras tecnologias sem fio. Porém, apenas dois modos de operação foram definidos: o modo (SA), independente do 5G NR com o 5GC independente, e o modo não autônomo (NSA), que assume uma rede LTE existente, no topo da qual a nova rede 5G se sobrepõe, fornecendo o plano de controle para que a rede 5G opere. Entre as inúmeras verticais 5G, podemos citar mídia, entretenimento, ITS, Internet das Coisas Industrial, bem como novos paradigmas que caracterizam a evolução da nossa sociedade, como ‘smart cities’ e outros ‘smarts’.
O ‘Release 16’ do sistema 5G começou no final de 2017 (Fase 2 do 5G), concentrando-se principalmente em comunicações ultraconfiáveis e de baixa latência e comunicações massivas do tipo máquina. O pacote de novos recursos e funcionalidades introduzidos representou uma evolução do sistema 5G definido na Fase 1 e marca a chamada ‘Fase 2 do 5G’. Ela abrange aprimoramentos do sistema central 5G em diferentes domínios e engloba funções para servir e interagir melhor com as verticais 5G, como as que estão dentro do ramo automotivo (carros autônomos, ambientes V2X, ou ‘veículos para tudo’), além de manuseio de outros recursos de comunicações confiáveis e de baixa latência e operações de especto não licenciadas.
Desde 2019, com os releases 17 e 18, uma longa lista de novos recursos foi elaborada, totalizando mais de 40 aspectos e funcionalidades. A tecnologia 5G pode trazer uma verdadeira revolução na velocidade das comunicações no Brasil e no mundo, permitindo que conceitos como Internet das Coisas (IoT) avancem a um novo patamar, explorando todo o potencial em áreas como manufatura, saúde, varejo, cidades inteligentes e muitos outros. Estima-se que, até 2023, o mercado de IoT movimente mais de US$ 30 bilhões na América Latina. Por isso, é imprescindível que empresas, governo, entidades e todos os setores da cadeia se unam em prol de iniciativas e parcerias para fomentar mercados e tecnologias, a fim de impulsionar o desenvolvimento estratégico do país. Na Indicator Capital, fazemos a nossa parte investindo para o bem e construindo valor juntos, com startups, indústria e ecossistema.
*Fabio Iunis de Paula é cofundador da Indicator Capital.