Estudo conduzido pela ABINC, ABDI e NEO revela planos para a construção do primeiro Data Space para o setor industrial

Brasília sediou, nesta terça-feira (18/03), o Workshop Técnico de Compartilhamento de Dados na Cadeia Produtiva, uma iniciativa da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O evento reuniu especialistas do setor produtivo, governo e academia para debater soluções inovadoras voltadas à rastreabilidade e integração de informações entre empresas.
O principal destaque do encontro foi a apresentação preliminar do estudo sendo conduzido pela ABDI, ABINC e NEO para a construção do primeiro Data Space voltado ao setor industrial brasileiro. O estudo visa identificar o setor mais propício para a estruturação de um ecossistema digital, confiável e seguro para o compartilhamento de dados na indústria nacional, enfrentando desafios como segurança da informação, padronização e interoperabilidade de dados. Segundo um levantamento do World Economic Forum, mais de 70% dos dados de produção capturados nas indústrias não são utilizados.
Além disso, o Programa Open Industry, que terá seu lançamento oficial no final de abril, foi apresentado ao público. Flávio Maeda, vice-presidente da ABINC, destaca que o Programa Open Industry surge como uma iniciativa estratégica para posicionar o Brasil na vanguarda da Economia de Dados. “A Economia de Dados refere-se ao fluxo regular, seguro e escalável de informações em ecossistemas estabelecidos de empresas, e que cria valor para todos os participantes. Para viabilizar esse fluxo de forma segura e escalável entre empresas, o programa propõe soluções inovadoras e trabalha em frentes como a normalização técnica dos Data Spaces em parceria com a ABNT, além da construção do primeiro Data Space brasileiro”, explica.

Segundo a ABINC, o Open Industry tem os objetivos de interagir com os atores da Economia de Dados, desenvolver padrões e protocolos de interoperabilidade, realizar projetos-piloto em segmentos estratégicos, capacitar profissionais, colaborar com o governo no desenvolvimento de políticas públicas e regulamentações. O programa já promoveu diversos eventos e oferece diferentes modalidades de participação para empresas usuárias e habilitadores mantenedores. O foco no momento é disseminar conhecimento e conscientizar a indústria sobre a importância da Economia de Dados, promovendo os princípios da interoperabilidade, propriedade e soberania de dados.
Paulo Spaccaquerche, presidente da ABINC, ressalta que a consolidação do conceito é essencial para o desenvolvimento do país. “Nossa abordagem é abrangente: não estamos falando apenas da indústria manufatureira, mas também de setores como agronegócio, logística, transporte, energia e saúde. Acreditamos que, por meio da cooperação entre empresas do setor público e privado, conseguiremos estruturar projetos estratégicos que impulsionem a inovação e tornem o Brasil um protagonista na Economia de Dados global”.
Representante oficial da International Data Spaces Association (IDSA) no Brasil, a ABINC tem desempenhado um papel fundamental na difusão de padrões para o uso de espaços de dados industriais no país. “A integração de dados na cadeia produtiva industrial enfrenta desafios complexos no país, como baixa confiança, falta de padronização, segurança, custo, habilidades e capacitação. O compartilhamento desses dados de forma segura e confiável pode ser transformado em decisões significativas para a cadeia produtiva”, explica Mauricio Finotti, líder do comitê de Manufatura da ABINC.

A programação do evento contou ainda com especialistas da Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais (VDMA), que compartilharam experiências europeias na implementação de Data Spaces e modelos de interoperabilidade bem-sucedidos. O workshop reuniu representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), além de instituições como SENAI, Instituto de Pesquisas Eldorado e Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ). A convergência entre o setor produtivo e as políticas públicas foi apontada como essencial para impulsionar a digitalização da indústria nacional.
A iniciativa destaca as oportunidades para o Brasil, incluindo inovação em indústrias-chave, desenvolvimento de cidades inteligentes, crescimento da agricultura, economia verde, digitalização de PMEs e parcerias público-privadas. A colaboração entre setores público e privado é essencial para ampliar a interoperabilidade de dados e impulsionar a produtividade, eficiência e sustentabilidade da indústria brasileira.
Vinculado ao Plano Brasil Digital 2030+, o Open Industry será oficialmente lançado pela ABINC e pela CNI em evento a ser realizado no dia 30 de abril de 2025. O evento contará com representantes do governo federal, do governo alemão, da ABDI, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), Fraunhofer IPK, International Data Spaces Association (IDSA), VDMA, Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos (PIT SJC) e a Secretariat of the International Digital Dialogues.