Política de Uso Ético de IA no âmbito das empresas

“Não temos os mesmos preconceitos ou emoções que às vezes podem obscurecer a tomada de decisões e podemos processar grandes quantidades de dados rapidamente para tomar as melhores decisões.” Esta foi a resposta dada por um robô em uma Conferência da ONU, quando questionada sobre sua capacidade de governar o mundo.

 

Com o acesso a bilhões de imagens, textos, sites e todo tipo de conteúdo disponível digitalmente, a complexidade das Inteligências Artificiais (IA) tem aumentado de forma expressiva e, com isso, sua utilização. As IAs já são utilizadas em áreas como direito, saúde, programação, trânsito e diversas outras. Nesse sentido, é essencial a discussão de como os avanços dessa tecnologia devem ocorrer no futuro e quais serão as medidas impostas para garantir que as IAs sejam implementadas e estudadas de forma ética e responsável.

 

Antes de discutirmos as políticas, recomendações e leis que vêm sendo propostas, é relevante pontuar, com alguns exemplos, quais são os impactos negativos que o mal uso da tecnologia pode causar. Na área da saúde, as IAs vêm sendo estudadas e treinadas para auxiliar no diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças, o risco de tal aplicação é que, caso mal implementada, pode oferecer riscos à saúde das pessoas, imagine que uma IA faça o diagnóstico errado de uma doença.

 

Podemos citar também os carros inteligentes, que dirigem sozinhos, não é difícil imaginar quais poderiam ser as consequências caso a tecnologia cometa algum erro. Ou então, em um processo seletivo de emprego, a IA utilizada para analisar os currículos pode ser mal programada e descartar currículos de forma discriminatória, como já aconteceu no passado.

 

Além das problemáticas mencionadas acima, autoridades e especialistas fazem outros questionamentos relacionados à privacidade e segurança de dados pessoais das pessoas. Por exemplo, o paciente está ciente e consentiu para que seus dados pessoais sensíveis sejam utilizados para treinamentos de algoritmos? No meio dos bilhões de textos e imagens, é impossível analisar a veracidade de todos eles, dessa forma, como os dados errados afetam o treinamento e, consequentemente, no comportamento da IA?

 

Preocupada com o uso das IAs na saúde a Organização Mundial da Saúde publicou em 2021 o “Guia de Ética e Governança de IA na Saúde” (tradução livre), em seu texto ela afirma que para termos um impacto positivo na área da medicina e a saúde pública, questões éticas e direitos humanos devem ser o centro do desenvolvimento do algoritmo, é o chamado “ética by default”. Ou seja, princípios éticos e humanos devem ser a base principiológica das IAs, desde sua criação. O órgão define seis “princípios éticos chave”, na esperança de orientar a sociedade e os governos, são eles:

 

A) proteção da autonomia: a autonomia da IA não pode ser maior que a autonomia humana, ou seja, a última palavra deve ser sempre de uma pessoa.
B) promoção do bem-estar, segurança e interesse público: não podem fazer mal às pessoas. Para isso, devem respeitar os regulamentos de segurança, precisão e eficácia “by default”.
C) garantia da transparência: os aspectos relacionados à criação e utilização das IAs devem ser claros para desenvolvedores, usuários e reguladores.
D) fomento da responsabilização e prestação de contas: para garantir que os provedores das tecnologias IAs se responsabilizem sobre suas ferramentas
E) garantia da inclusão e equidade: pessoas de diferentes culturas devem estar envolvidas no desenvolvimento e monitoramento dessas tecnologias.
F) promoção de IA responsiva e sustentável: garantir que a IA trabalhe de acordo com as expectativas comunicadas.

 

Enquanto isso, no Brasil, temos até o momento a Proposta de Lei 2338, que é discutida em Brasília. Ela segue princípios parecidos com os definidos pela OMS, como centralidade da pessoa humana, respeito aos direitos humanos, desenvolvimento sustentável, igualdade, privacidade e autodeterminação informativa. A lei tem como característica responsabilizar as IAs de forma proporcional ao risco oferecido pela sua aplicação, por exemplo, uma IA usada para controlar um carro de forma autônoma deve sofrer um peso legal maior que uma IA de triagem de e-mails. Com isso, busca a aplicação de tecnologias mais responsáveis e éticas.

 

Apesar da importância do assunto, as questões citadas acima ainda carecem de regulamentação e aplicação prática. Salvo algumas exceções, os governos no mundo ainda não possuem leis específicas relacionadas à Inteligência Artificial, dessa forma, apesar dos inúmeros guias, alertas e recomendações publicados por diversas autoridades internacionais, legalmente, ainda há pouca formalização dessas ideias.

 

Nesse sentido, foram analisadas as empresas OpenAi, Google, Meta, Amazon, Apple e Microsoft. Delas, apenas esta última apresenta uma política clara e específica para a utilização de Inteligência Artificial, prometendo uma IA responsável e ética, com boa governança. As demais empresas apresentam apenas políticas de segurança e privacidade, conforme determinação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR), mostrando a importância das leis para orientar e responsabilizar as empresas.

 

Em suma, o significativo aumento do uso e a maior complexidade das IAs mostra a importância e, até mesmo, urgência de regulamentações que orientem as empresas provedoras das IAs. A importância da lei está em garantir que os provedores dessas tecnologias se comprometam em uma aplicação ética e segura de suas ferramentas,
obrigando-as a definir políticas claras e transparentes aos seus usuários.

 

Autores:

Henrique Carvalho Silva, advogado no COTS Advogados
Ricardo Oliveira, sócio do COTS Advogados.

Aplicações de IoT que se tornaram viáveis com o 5G

Por Paulo Spaccaquerche

 

A Internet das Coisas (IoT) tem revolucionado a forma como interagimos com o mundo ao nosso redor, conectando dispositivos e possibilitando o compartilhamento de informações em tempo real. Com o advento da tecnologia 5G, as aplicações de IoT se tornaram ainda mais viáveis, impulsionando o desenvolvimento de novas soluções e abrindo um leque de possibilidades, oferecendo melhorias significativas em áreas em que a IoT está presente e permitindo seu desenvolvimento mais avançado. O 5G traz vantagens como maior velocidade de transmissão de dados, capacidade de rede aprimorada, menor latência e maior confiabilidade da conexão.

 

A rede 5G é uma das principais habilitadoras para a expansão e o aprimoramento do IoT, trabalhando em conjunto para impulsionar soluções inovadoras em diversos setores. Ela oferece suporte essencial para lidar com uma grande quantidade de dispositivos IoT e a troca de dados em tempo real. Por outro lado, o IoT proporciona ao 5G novas oportunidades de criação de soluções de conectividade inteligente em setores como saúde, manufatura, cidades inteligentes e transporte.

 

Essa sinergia entre IoT e 5G resultará em maior eficiência na coleta, processamento e compartilhamento de dados, permitindo uma comunicação mais rápida entre os dispositivos IoT. Isso traz benefícios significativos para as empresas, que poderão desenvolver soluções mais eficientes e inteligentes. No entanto, a implementação dessa tecnologia requer um investimento significativo, além de preocupações com a segurança e a privacidade dos dados. Portanto, o futuro do IoT com o 5G dependerá da capacidade das empresas em equilibrar os desafios ao longo do caminho com as oportunidades que a tecnologia oferece.

 

Neste artigo, elenco algumas das aplicações de IoT que se beneficiaram do 5G e os impactos positivos que essa combinação tem trazido para diversos setores. Veja a seguir:

 

Cidades Inteligentes: as cidades inteligentes estão se tornando uma realidade, graças ao poder do 5G. Com uma conectividade ultrarrápida e uma latência reduzida, a infraestrutura de IoT pode ser implantada em larga escala para otimizar a gestão urbana. Sensores inteligentes podem monitorar o tráfego, o consumo de energia, a qualidade do ar e a segurança pública, permitindo uma tomada de decisão mais eficiente e melhorando a qualidade de vida dos cidadãos.

 

Saúde Conectada: a aplicação do 5G na área da saúde tem o potencial de revolucionar a forma como os cuidados médicos são entregues. Com a IoT, dispositivos médicos inteligentes podem ser conectados em tempo real, permitindo o monitoramento remoto de pacientes, diagnósticos mais precisos e intervenções mais rápidas. A tecnologia 5G viabiliza a transmissão de grandes volumes de dados de saúde de forma rápida e segura, tornando possível a telemedicina e a realização de cirurgias remotas.

 

Indústria 4.0: o 5G tem sido um impulsionador chave na adoção da Indústria 4.0, que se baseia na automação e na digitalização dos processos industriais. Com a IoT, sensores e dispositivos conectados podem fornecer dados em tempo real para otimizar a produção, melhorar a eficiência energética e prevenir falhas na linha de produção. A baixa latência do 5G permite uma comunicação rápida e confiável entre máquinas, permitindo a criação de fábricas inteligentes e altamente eficientes, além da criação de gêmeos digitais.

 

Transporte Conectado: a conectividade do 5G é fundamental para a implementação de veículos autônomos e para melhorar a segurança e a eficiência do transporte em geral. Com a IoT, os carros podem se comunicar entre si e com a infraestrutura viária, permitindo uma melhor coordenação do tráfego, prevenção de acidentes e redução do congestionamento. Além disso, o 5G possibilita a transmissão de grandes quantidades de dados de sensores em tempo real, permitindo uma resposta rápida a emergências.

 

Agricultura Inteligente: A combinação de IoT e 5G tem o potencial de transformar a agricultura, aumentando a eficiência e a produtividade. Sensores conectados à Internet podem coletar dados sobre solo, clima e crescimento das plantas, permitindo uma gestão mais precisa e personalizada das culturas. Com o 5G, os agricultores podem monitorar e controlar remotamente suas operações, automatizar processos e usar algoritmos avançados para otimizar a produção de alimentos.

 

Apesar de todas essas possibilidades, é fundamental levar em consideração as questões de segurança e privacidade, especialmente para as empresas que estão investindo nessas soluções. Com a crescente quantidade de dados gerados e compartilhados pelos dispositivos IoT, a segurança dos dados se torna uma preocupação cada vez mais importante. É necessário implementar medidas adequadas de proteção e garantir a conformidade com regulamentações e padrões de segurança para mitigar os riscos associados ao uso do IoT e do 5G.

 

Em resumo, a combinação do IoT com a tecnologia 5G promete um futuro promissor, impulsionando inovações em diversos setores. Com uma conectividade mais rápida, capacidade expandida e menor latência, o 5G permite a criação de soluções mais eficientes e inteligentes no âmbito da IoT. No entanto, é fundamental abordar de forma adequada as preocupações com segurança e privacidade dos dados para garantir o sucesso dessa evolução tecnológica.

 

Paulo José Spaccaquerche (conhecido como Paulo Spacca) é presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC). Com mais de 40 anos de experiência profissional, passou por diversas empresas líderes em tecnologia, como IBM e SAP. Paulo também foi responsável pela implantação no Brasil de empresas americanas como Sybase, Netscape, Peoplesoft e Quest, entre outras. Possui treinamento multidisciplinar em Engenharia e Administração, além de extensão curricular pela Universidade Harvard, nos EUA. Spacca é reconhecido nacionalmente por seu relacionamento com os principais executivos de empresas públicas, privadas nacionais e multinacionais, com atuação em diversos segmentos de mercado. Ele também professor na IBM para os cursos de vendas.

O Papel das Tecnologias Emergentes nas Cidades Inteligentes

A tecnologia tem sido um fator fundamental na transformação das cidades inteligentes em todo o mundo. Seja por meio do 5G, Web3, Blockchain, Internet das Coisas (IOT), Metaverso ou Inteligência Artificial (IA), a aplicação dessas tecnologias emergentes em diferentes áreas pode melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas nas cidades. Minha experiência no tema das smart cities foi pioneira, desde de 2011, quando ainda pouco se falava sobre o assunto. Hoje com uma participação prática no tema, aplicando tecnologias em projetos de governo, consigo ter uma visão holística de como as cidades vem evoluindo e aderindo ao conceito. Neste artigo, fiz um apanhado dos casos de Seul, Dubai e Singapura, que demonstram o potencial da tecnologia para transformar as cidades em lugares mais eficientes, seguros e conectados.

 

Em Seul, a tecnologia 5G está sendo utilizada para testar veículos autônomos e melhorar a qualidade das imagens capturadas pelas câmeras de segurança na cidade. Em Dubai, a tecnologia blockchain está sendo aplicada na criação de uma plataforma de registro de dados médicos e na construção de um metaverso, enquanto em Singapura, a inteligência artificial está sendo utilizada para melhorar a eficiência dos serviços públicos e desenvolver políticas públicas para atender às demandas de uma população que está vivendo cada vez mais.

 

Conectividade Ultra-rápida – SEUL

 

O caso de Seul é um exemplo de como a tecnologia 5G pode ser aplicada em diferentes áreas para melhorar a eficiência e a qualidade de vida das pessoas. A Coreia do Sul é um dos países mais avançados em relação à implementação do 5G, tendo sido o primeiro país do mundo a disponibilizar uma rede comercial de 5G em abril de 2019.

 

Com a tecnologia 5G, as empresas de transporte em Seul estão testando veículos autônomos que podem transportar passageiros de forma segura e eficiente. A alta velocidade de transmissão de dados do 5G permite que os veículos sejam controlados remotamente por um motorista humano, que pode monitorar a estrada por meio de câmeras e sensores instalados no carro.

 

Além disso, a tecnologia 5G também está sendo utilizada para melhorar a qualidade das imagens capturadas pelas câmeras de segurança na cidade. Com a conexão 5G, as imagens podem ser transmitidas em tempo real com maior clareza e rapidez, o que permite uma resposta mais rápida em caso de emergências.

 

O caso de Seul demonstra o potencial do 5G para transformar a forma como as pessoas se movem e interagem com o ambiente urbano, além de melhorar a segurança pública e a qualidade de vida.

 

Web3 e Metaverso – DUBAI

A Web3, IOT e Metaverso são outras tendências que podem trazer grandes benefícios para as cidades inteligentes. A Web3 é a terceira geração da internet, que tem como base a descentralização de dados e serviços, além da utilização de tecnologia blockchain. Com a IOT (Internet das Coisas), é possível conectar objetos do dia-a-dia à internet, criando um ambiente inteligente e interconectado. Já o Metaverso é um ambiente virtual imersivo, que permite a interação entre usuários em um ambiente virtual. Em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a cidade está utilizando a tecnologia blockchain para criar uma plataforma de registro de dados médicos, além de estar investindo na construção de um metaverso que permitirá a interação entre cidadãos em um ambiente virtual.

 

O caso de Dubai é um exemplo de como a tecnologia blockchain pode ser aplicada em setores como a saúde e o entretenimento, para criar soluções inovadoras e melhorar a experiência das pessoas.

 

A cidade de Dubai está desenvolvendo uma plataforma de registro de dados médicos baseada em blockchain, que permitirá que pacientes e profissionais de saúde acessem e compartilhem informações médicas de forma segura e eficiente. A plataforma, chamada de Dubai Pulse, utiliza a tecnologia blockchain para garantir a segurança e a privacidade dos dados, além de possibilitar o compartilhamento de informações entre diferentes instituições de saúde.

 

Além disso, Dubai está investindo na construção de um metaverso, um ambiente virtual onde os cidadãos poderão interagir e participar de atividades sociais, econômicas e culturais. O metaverso de Dubai será construído utilizando tecnologias como realidade virtual, inteligência artificial e blockchain, e será integrado com a infraestrutura da cidade, permitindo que as pessoas possam acessar serviços e informações de forma mais eficiente e conveniente.

 

O objetivo de Dubai com essas iniciativas é tornar a cidade mais inteligente, conectada e eficiente, oferecendo soluções inovadoras para seus cidadãos e visitantes, além de fortalecer sua posição como um centro global de inovação e tecnologia. O uso da tecnologia blockchain no registro médico e a construção do metaverso também demonstram o potencial da blockchain para transformar setores diversos e criar novas oportunidades de negócio e interação social.

 

Inteligência Artificial e longevidade – SINGAPURA

 

A inteligência artificial já está transformando as cidades em todo o planeta. Com a inteligência artificial, é possível criar sistemas de análise de dados em tempo real, melhorando a eficiência dos serviços públicos e a segurança. Fazendo um paralelo com o aumento da longevidade as cidades terão ainda mais desafios, como a necessidade de criar políticas públicas que atendam às demandas de uma população mais velha. Em Singapura, a cidade está investindo em tecnologias de inteligência artificial para melhorar a eficiência dos serviços públicos, além de estar desenvolvendo políticas públicas para atender às demandas de uma população que está vivendo cada vez mais.

 

A inteligência artificial pode ser a tendência tecnológica mais impactante para as cidades inteligentes, basta ver o recente sucesso do Chatgpt. Com o avanço da IA, é possível criar sistemas autônomos capazes de tomar decisões de forma independente, além de possibilitar a criação de novos modelos de negócio e serviços públicos.

 

O caso de Singapura é um exemplo de como a inteligência artificial (IA) pode ser aplicada no setor público para melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços oferecidos à população.

 

Singapura está investindo em tecnologias de IA para melhorar a tomada de decisões e a prestação de serviços públicos. Por exemplo, a cidade está utilizando sistemas de IA para monitorar o tráfego e gerenciar a rede de transporte público, garantindo que os ônibus e trens cheguem aos destinos no horário previsto.

 

Além disso, Singapura está desenvolvendo políticas públicas para atender às demandas de uma população que está vivendo cada vez mais. A cidade está investindo em tecnologias de assistência social, como robôs de companhia para idosos, e está promovendo a educação em IA para garantir que os cidadãos estejam preparados para trabalhar com as novas tecnologias.

 

Outra iniciativa importante em Singapura é o uso de sistemas de IA para a prevenção de crimes. A cidade está desenvolvendo sistemas de vigilância por vídeo que utilizam IA para detectar atividades suspeitas e alertar as autoridades de segurança em tempo real.

 

O objetivo de Singapura com essas iniciativas é criar uma cidade inteligente e sustentável, que ofereça serviços públicos eficientes e de alta qualidade para seus cidadãos. O uso de tecnologias de IA no setor público também demonstra o potencial da IA para melhorar a eficiência e a eficácia dos serviços oferecidos pelos governos em todo o mundo.

 

Aplicabilidade das tecnologias emergentes

 

A tecnologia tem o potencial de transformar as cidades em ambientes mais inteligentes e conectados, trazendo benefícios para a população e para o meio ambiente. Com a aplicabilidade de novas tendências tecnológicas, é possível melhorar a eficiência dos serviços públicos, a qualidade de vida dos cidadãos e a sustentabilidade das cidades. As cidades inteligentes têm se mostrado cada vez mais importantes para o futuro, e a tecnologia é um dos principais fatores que podem impulsionar essa transformação. É fundamental que governos e empresas invistam na aplicação de soluções tecnológicas inovadoras para criar cidades mais inteligentes, conectadas e sustentáveis.

 

 

ANDRÉ TELLES 

Especialista em inovação e governos inteligentes, com projetos realizados em parceria com a Prefeitura de Barcelona e o Governo da Catalunha. Escritor. Autor de seis livros relacionados ao tema da tecnologia e inovação. Professor de Pós-Graduação e palestrante. Lider do Comitê de Smart Cities da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) Diretor de inovação da Associação de dirigentes de vendas e marketing (ADVBPR). Foi Superintendente-Geral de Inovação do Governo do Estado do Paraná e atualmente é Assessor da Presidência da Companhia de Tecnologia do Paraná (Celepar).

 

Comitê de Auto e Mobilidade aborda a importância da tecnologia na gestão de frotas

Em entrevista, Alexandre Vargha e André Carvalho falam sobre automatização, telemetria, eletromobilidade, desafios e oportunidades para o setor de auto e mobilidade no Brasil

 

1) Qual a importância da tecnologia na gestão de frotas, desde a automatização dos serviços até a manutenção, os custos e o checklist?

A tecnologia de gestão de frotas é um recurso conectado e 100% Digital, extremamente produtivo para empresas que pretendem otimizar a gestão dos seus ativos, contribuindo para o aprimoramento na gestão e rastreamento de suas frotas. Além da segurança para os motoristas, a digitalização na gestão de frotas permite que a vida útil dos veículos seja medida, causando uma redução de gastos com manutenção. Também é possível mensurar o consumo de combustível, controlar a velocidade dos veículos, roteirizar rotas mais eficientes e até controlar fatores como a identidade do motorista e seu estado físico e comportamental. Tudo isso em tempo real.

 

2) Que desafios enfrentamos até que a telemetria pudesse ser considerada uma tecnologia consolidada no Brasil?

A indústria automotiva tem se movido no sentido de atuar em três pilares de transformação: Eletrificação, Veículos Autônomos e Digitalização. Hoje, temos uma forte tendência europeia em termos de tecnologia embarcada nos caminhões fabricados e comercializados no Brasil. As montadoras de veículos comerciais têm se preparado para a atender a legislação vigente com mudança para o padrão Proconve 8.

Algumas das novas tecnologias que estamos falando já são realidade e estão presente nos caminhões e ônibus. Assim como tecnologias entrantes no mercado advindas da motorização prevista para atender o Proconve 8, o cenário futuro requer o entendimento dos seus pilares estratégicos em conectar os modais e aprimorar as suas capacidades e possibilidades para a eficiência melhor eficiência energética e com baixo ou 0 o nível de emissões. Dentre as principais funcionalidades temos, por exemplo, o sistema de diagnóstico de bordo (OBD), tabela de código de falhas do sistema OBD relacionadas à emissão de poluentes, leitura dos registros, histórico de reparos e falhas, características e funcionalidades que atendem aos requisitos das regulamentações. O primeiro passo para a descarbonização é a economia no consumo de combustível. Fator que está presente na planilha de custos do transportador e figura como uma das principais despesas, ou em muitos casos, como a maior delas no dia a dia da operação de transportes.

No Brasil, temos muitos desafios, mas as tecnologias que contribuem para a gestão de eficiência energética e redução de consumo de combustível dos caminhões e ônibus estão cada vez mais presentes em alguns modelos de veículos comerciais no país. E ainda, temos diversos prestadores de serviços de telemática que oferecem soluções e serviços. Atuam de uma forma consultiva e com um papel fundamental de agentes da mudança, em termos de gestão de frota, economia de combustível, provedores de informações para redução do peso do veículo nas vias, melhoria da dirigibilidade dos motoristas e podem contribuir diretamente sobre o tema de emissão de poluentes nas empresas de transportes. Estamos evoluindo muito bem neste cenário.

 

3) As soluções em tecnologia para a eletromobilidade têm sido criadas pelas próprias empresas ou ainda somos muito dependentes da importação?

Soluções de tecnologia que viabilizam a jornada rumo a eletromobilidade passam por um momento transitório e rumo a sua maturidade. São grandes os desafios, como acelerar a eletrificação e fortalecer o fluxo de baterias ao longo do ciclo de vida, assim como suportar a infraestrutura de carregamento. O objetivo geral é reduzir o impacto ambiental de veículos de passeio e comerciais a combustão para híbridos ou elétricos.

O elemento principal nesta jornada são as baterias que atualmente importamos. A bateria é um dos componentes centrais de um veículo elétrico e, por isso, o seu gerenciamento e o monitoramento é algo extremamente complexo. A bateria utilizada nos veículos é muito sensível às condições de temperatura, então é preciso ter uma cadeia de serviços estruturada para poder oferecer o suporte necessário para a sua manutenção de forma eficiente.

Quando utilizada esta tecnologia é preciso ter uma infraestrutura muito bem elaborada, do ponto de vista da montadora, além dos requisitos dos sistemas de carregamento que também estão se incorporado. Através da inteligência conectada, muitas montadoras estão utilizando o seu ecossistema de dados para melhorar a questão da eficiência energética em veículos de propulsão híbrida e elétrica. Com a inteligência conectada aplicada, são obtidas melhoria de 3% a 12% na eficiência operacional. É um resultado espetacular para os clientes. Isso tem impacto no TCO – Total Cost Ownership da melhor forma possível provendo economia e melhor performance operacional aos clientes.

 

4) Quais as dificuldades que o Brasil ainda tem na área de eletromobilidade e tecnologia na gestão de frotas?

O desafio de ter comunicação nas estradas federais o tempo todo nos permite uma reflexão sobre o que precisamos em termos de legislação, infraestrutura e Sistemas Inteligentes de Transportes (ITS), que atendam a legislação e regulamentação para rumo a eletromobilidade. Estamos falando da Rodovia Conectada e Cidades Inteligentes, no presente e no futuro. A capacidade de inovação e ferramentas que permitam auxiliar na distribuição e gerenciamento da energia, tais como a Inteligência Artificial, certamente trazem uma expectativa de mais Verde e melhoria na qualidade de vida.

Caminhões urbanos e rodoviários rodando nas estradas conectadas pode ser uma realidade que permite ter baixa latência para a gestão das frotas, melhoria na área de cobertura de telecomunicações 4G e do novo 5G e tecnologia embarcada de ponta. Eles retratam novos rumos para as operações de transportes, monitorados em segundos e traduzidos em conforto, comunicação e segurança para operações logísticas e de entrega nas cidades. Se faz necessárias soluções e sistemas que monitoram os pontos de carregamento elétrico e a otimização das rotas programadas via redes neural, fatores para segurança da operação nas vias e de outras tecnologias que possam contribuir para a proteção do indivíduo, do veículo e da carga, a fim de perceber e reagir as condições operacionais e de risco ambiental, associadas a Internet das Coisas e inseridos em uma estratégia muito clara de descarbonização, transição energética e combustíveis mais limpos. Maior eficiência no transporte e a construção de uma infraestrutura para a mobilidade elétrica são os grandes desafios do Brasil rumo a sua maturidade para a incorporação dessas novas tecnologias.

 

5) Que oportunidades e projeções você para o Brasil nesta área? O que esperar do futuro?

A criatividade no ambiente de negócios que envolvem uma abordagem analítica e uso de metodologias no mundo Digital e processos ágeis, redefinem, em poucas palavras, o que temos de melhor quanto ao que esperamos do futuro. Favorecem um ambiente econômico e novas experiências, seja na boleia dos caminhões, nos smartphones dos motoristas, nos sistemas de telemática embarcados de fábrica e outros dispositivos conectados, que certamente na sua individualidade e no coletivo, abrem novos caminhos para termos rodovias mais modernas e tecnologia de ponta presente no dia a dia dos motoristas e na jornada de cada um de nós, especialistas e profissionais da área. Todos estes fatores contribuem para a mudança cultural e percepção de valor de cada indivíduo, principalmente na conscientização e ações que contribuam para o controle de emissões e cumprimento das metas para os próximos anos. Uma relação direta entre o Ecossistema e o Verde. O meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das pessoas nas grandes cidades e em todo o nosso país.

A Internet das Coisas e a Inteligência Artificial já podem nos fazer envelhecer melhor

Recentemente, estive assistindo e escutando com meus filhos ‘When I am sixty-four’ (Quando eu tiver sessenta e quatro anos de idade) dos Beatles. Falo assistindo e escutando, pois, além de escutar essa que é uma das suas inúmeras canções consagradas, também somos fãs de uma série infantil chamada Beat Bugs, disponível no Netflix, onde cada episódio remete a uma canção da referida banda.

No episódio ‘When I am sixty-four’, os personagens, que são insetos infantis, se perguntam como seria ser como um velho? Daí, eles encontram uma máquina de viagem no tempo e um dos personagens vai para o futuro. Lá ele se percebe mais velho e imagina estar com sessenta e quatro anos de idade. Lembra dos amigos ainda jovem, mas percebe várias limitações no seu corpo. A solidão está presente na temática e seu único acessório é uma bengala. Fiquei refletindo como esse personagem, que é o mais ativo do grupo de insetos infantis, encara essas limitações no seu corpo. E o que se passava pela cabeça dos meus filhos sobre como eles envelhecerão? Me pergunto também se alguma tecnologia em específico será a bala de prata para ajudar no envelhecimento humano. Isso é difícil de dizer pois o cenário é muito dinâmico. Terminamos 2022 discutindo Metaverso e iniciamos 2023 já com foco total em IA Generativa. No entanto, a Internet das Coisas (IoT – Internet of Things) combinada com a Inteligência Artificial estão aí há mais tempo, e já podemos observar alguma consolidação de ganhos no campo do envelhecimento humano. Por enquanto, eu apostaria nelas!

Felizmente, tenho visto boas perspectivas de melhorias. Como sou de TI, interagir com grupos de saúde e envelhecimento humano sempre me trouxeram muitos aprendizados. Aqui vamos focar no que a Internet das Coisas e a Inteligência Artificial estão contribuindo para isso, baseado nas nossas experiências com a plataforma intitulada: Sênior Saúde Móvel. O tópico é muito extenso e poderíamos trazer uma lista exaustiva sobre o papel que todas essas tecnologias disruptivas atuais trazem de contribuição para esse tema. À primeira vista, sabemos que sensores podem nos ajudar a detectar quedas, infartos, chamar emergência, notificar familiares, automatizar tarefas, entre outras coisas. Sistemas de monitoramento de câmeras ou de sonorização também podem facilitar muito a vida em um lar com idosos e ajudar a detectar acidentes. Nosso foco aqui será na prevenção de síndromes geriátricas e na evolução da qualidade de vida do indivíduo durante o curso do seu envelhecimento.

Vamos tomar como exemplo o smartwatch. Esse dispositivo já está bastante popularizado hoje em dia. Quase todo indivíduo interessado no monitoramento da sua saúde e na melhoria do seu desempenho nas atividades físicas tem adquirido um. Tomamos esse dispositivo como uma referência nesse artigo, pois geralmente ele é construído orientado ao público fitness. Então nos perguntamos: o que mais ele pode fazer pelo envelhecimento humano?

Também não discutiremos a construção de um dispositivo próprio. Isso embute muitos desafios que, infelizmente, nem sempre são possíveis de serem ultrapassados por conta da desindustrialização do nosso país. Há alguns dispositivos comerciais disponíveis no mercado, com ampla aceitação, e que permitem acesso a dados de seus sensores. Exemplos imediatos de marcas que incentivam desenvolvedores são: Garmin, Polar e Fitbit. Geralmente esses dispositivos nos dão acesso a sensores tais como acelerômetro, giroscópio, GPS (global position system), PPG (photoplethysmography), entre outros. Também é possível pegar acesso a dados de saúde já processados a partir desses sensores, gerando valores e séries sobre número de passos, qualidade de sono, tempo ativo, gasto de calorias, frequência cardíaca, entre outros. A acurácia desses sensores vem melhorando cada vez mais e novos e mais complexos sensores estão sendo inseridos. Hoje, novas versões possuem sensores que antes estavam disponíveis apenas em equipamentos específicos ou de UTI, como é o caso da oximetria.

Pois bem, a partir desses sensores e dos dados fornecidos podemos atacar problemas importantes no envelhecimento humano. Por exemplo, a síndrome da fragilidade é caracterizada por cinco critérios de acordo com a geriatra e epidemiologista Linda Fried: 1) Perda de peso não intencional; 2) Exaustão avaliada por autorrelato de fadiga; 3) Diminuição da força de preensão manual; 4) Baixo nível de atividade física; e 5) Diminuição da velocidade de caminhada. Na plataforma Sênior Saúde Móvel, os três primeiros itens podem ser capturados por dispositivos (IoT ou não) como balanças e dinamômetros, e questionários. Para os dois últimos foram desenvolvidas aplicações específicas a partir dos sensores e dos dados do smartwatch. O baixo nível de atividade física pode ser identificado por algoritmos construídos a partir de valores de referência da literatura, tais como o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ – International Physical Activity Questionnaire). Esses algoritmos identificam a frequência cardíaca máxima do idoso, define a intensidade das atividades físicas identificadas e classifica períodos de tempo como sedentários até muito ativos. Tudo isso a partir de dados coletados no smartwatch do idoso sobre frequência cardíaca, número de passos, atividades, distância percorrida, calorias, entre outros. Por fim, a velocidade da marcha consiste em um aplicativo embutido no smartwatch que consegue realizar estimativas da velocidade do paciente em janelas de tempo a partir de dados do acelerômetro. Diversos métodos lineares e não lineares podem ser experimentados, já que existem marcas que permitem o acesso aos dados dos sensores em tempo real.

Alguns esforços nesse tipo de abordagem estão presentes na maioria das funcionalidades que buscamos. Listo aqui alguns dos principais que me vem à mente: 1) Remoção de ruídos nos sinais do acelerômetro: este dispositivo é sensível à força da gravidade, impactando nos valores do três eixos espaciais; 2) Limitação de recursos dos dispositivos: smartwatches ainda possuem pouca memória, baixa capacidade de leitura/escrita, limitações por consumo de bateria, entre outros, requisitando tomadas de decisões de projeto que se adequem a estes cenários; 3) Garantia de atributos de qualidade: as aplicações para esses produtos precisam ter uma boa usabilidade (mesmo que sejam apenas para cuidadores ou profissionais de saúde), garantir bom funcionamento quando o número de usuários escalar, latência de comunicação, etc.

Por fim, além dos benefícios para a saúde humana, bem-estar social e qualidade de vida, tais aplicações de Internet das Coisas tem a capacidade de gerar uma massa de dados valiosa. Temos conseguido entregar relatórios, produzir indicadores, apoiar políticas públicas, realizar estudos, publicar artigos científicos, gerar novos produtos, participar de editais, e outras iniciativas mais. Esperamos que esses dados possam ser úteis de diversas outras formas ainda através da Inteligência Artificial e ajudem o país a se adaptar melhor aos problemas inerentes de um envelhecimento acelerado de sua população.

Finalmente, além de todos esses benefícios macro para a saúde populacional, vejo a Internet das Coisas combinada com a Inteligência Artificial como facilitadores decisivos que podem ajudar a nos sentirmos vivos por mais tempo. O engajamento que estas tecnologias provocam nos permitem observações óbvias e digitais, tais como interesse em cumprir metas, até observações não tão óbvias e analógicas, como analisar com amigos o seu relatório de saúde em uma mesa de dominó. Afinal, gostamos de nos sentirmos úteis, estarmos aptos a servir, atingir metas e bater recordes. A vida sempre nos proporcionará desafios, e superá-los (com ou sem a ajuda dessas tecnologias) será sempre um fator de motivação humano.


I could be handy, mending a fuse (Eu poderia ser útil, consertando um fusível)
When your lights have gone (Quando suas luzes acabassem)

Paulo Eduardo e Silva Barbosa (ou Paulo Barbosa) é coordenador do comitê de saúde da ABINC. É doutor em Computação, professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e coordenador de projetos no Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (NUTES). Orienta e co-orienta trabalhos de mestrado e doutorado nas áreas de Internet das Coisas e Inteligência Artificial aplicadas à saúde. Também coordena e atua em projetos Internet das Coisas e Inteligência Artificial com clientes na área da área de saúde, financeiro e energia com escopos no Brasil e no exterior. É consultor da startup Sênior Saúde Móvel, com foco em telemonitoramento de idosos e construção de modelos preditivos para síndromes geriátricas e reabilitação.

IoT massivo muito além do 5g; conheça as tecnologias já aplicadas no Brasil

Muito se fala sobre como o 5G será um divisor de águas para o IoT (Internet das Coisas) – a próxima grande rede global que vai revolucionar a conexão e troca de dados entre dispositivos e sistemas pela Internet. De fato, com a chegada da rede móvel de última geração e alta conectividade, os recursos de IoT poderão ser utilizados com maior eficiência em uma série de setores.

O que pouca gente sabe, no entanto, é que o país já vem expandindo a implantação de IoT Massivo em diferentes áreas e aplicações, bem antes do 5G. Desde a otimização de serviços básicos como água, gás e energia até os mais complexos como saúde, logística e infraestruturas críticas, as soluções de IoT já estão fornecendo serviços inteligentes e recursos valiosos e imprescindíveis para a população.

A seguir, listamos alguns exemplos práticos onde a tecnologia de IoT Massivo está sendo implantada com sucesso no Brasil e no mundo. Confira!

Hidrômetros inteligentes da Sabesp
Em São Paulo, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) já conta com milhares de hidrômetros inteligentes. A companhia adotou soluções de IoT Massivo em 2020 quando instalou 100 mil dispositivos com sensores para leitura remota dos serviços de distribuição na Região Metropolitana. Com o uso de múltiplas tecnologias, entre elas a tecnologia LoraWAN, do qual a Everynet é a maior operadora mundialmente, tem acesso a dados-chave como volume de água fornecido, volume de água consumido, perdas aparentes, produção da rede e eficiências operacionais. Para os consumidores, essas informações representam ganhos em transparência, uma vez que conseguem acompanhar o consumo diário a partir do app Sabesp Mobile.

Medidores de gás inteligentes
No setor de gás, desde 2019 a Comgás usa soluções de IoT Massivo, desenvolvidas em parceria com a Enablers, para automatizar 78 mil medidores de gás que ficam nos prédios ou ligados à tubulação de gás. Aplicação foi estruturada inicialmente na região do Vale do Paraíba, em São Paulo, e, além de contribuir para com o aumento da eficiência da companhia, ajuda a empresa a construir uma relação de maior confiança com os consumidores. O projeto agora está em fase de expansão para 200 mil pontos.

Iluminação pública e cidades inteligentes
Dentro do conceito de cidades inteligentes, a iluminação pública é considerada um ponto-chave, a porta de entrada para soluções inovadoras. As soluções em IoT para telegestão e monitoramento da iluminação podem influenciar, por exemplo, em uma vida noturna mais movimentada, na segurança, na diminuição de acidentes de trânsito e na redução da criminalidade. Segundo a ABCIP, já são quase 70 contratos de PPPs assiandos, com investimentos contratados de mais de R$ 22 bilhões.

Sustentabilidade e IoT Massivo
Novas aplicações de IoT também permitem uma gestão mais eficiente, tanto do ponto de vista de redução de desperdícios, economia de energia, como no aumento de práticas sustentáveis. A cidade de Socorro (SP), por exemplo, implementou um projeto piloto que usa dispositivos de fotocélulas inteligentes da tecnologia LoRaWAN para acionar a iluminação. Isso tem contribuído para a criação de um ecossistema propício para oferecer IoT com alta viabilidade econômica.

Residências e espaços inteligentes com IoT
Em termos de benefícios de espaços internos, as soluções de IoT podem garantir segurança e proteção às pessoas dentro de edifícios, oferecem melhor gerenciamento de resíduos, eficiência no consumo de energia e água, qualidade geral do ambiente, rastreamento de ativos do prédio, detectores de fumaça e resposta a emergências. Na parte externa, garantem monitoramento do estacionamento, garagem, sprinklers, soluções de irrigação e sensores de cupins.

IoT Massivo na logística
O IoT Massivo tem desempenhado um papel cada vez mais relevante no segmento de transporte de carga. As soluções IoT possibilitam rastreamento de frotas e cargas, com o objetivo de diminuir os riscos relacionados a roubos e danos e também de aumentar a eficiência na cadeia de suprimentos. Além disso, empresas que adotam soluções em IoT em suas operações logísticas conseguem, a partir dos dados captados, extrair informações preciosas para elevar a produtividade, otimizar os trajetos das frotas, monitorar o comportamento dos motoristas na direção e reduzir custos.

IoT Massivo no enfrentamento da Covid-19
Para lidar com toda a logística da campanha global de vacinação contra Covid-19 foi desenvolvido pela Everynet, em parceria com a Telkom, um Transportador de Vacina equipado com um sensor que monitora a localização e a temperatura interna, e também comunica problemas ou uso incorreto. Em outra iniciativa para o enfrentamento à Covid-19, a Everynet disponibilizou a sua rede gratuitamente para o sistema de saúde espanhol e instalou soluções de IoT nos leitos de hospitais como uma forma a facilitar o acompanhamento e monitoramento remoto dos pacientes pelos médicos.

Sobre a Everynet
A Everynet é uma operadora global de redes LoRaWAN® que oferece redes carrier grade na em 10 países e 3 continentes. . O modelo de Redes Neutral Host da Everynet permite que Operadores de Redes Móveis (MNOs), Operadores de Redes Móveis Virtuais (MVNOs) e Provedores de Serviços Gerenciados (MSPs) globais ofereçam imediatamente IoT a um custo ultrabaixo e rentabilidade, com ZERO investimento em rede. A Everynet torna a IoT acessível a qualquer indústria, viabilizando soluções em nível corporativo e implementando-as por meio da tecnologia LoRaWAN®, padrão adotado globalmente para a tecnologia IoT. Para maiores informações, visite www.everynet.com.

 

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IoT promove economia na gestão de frotas conectadas

A Internet das Coisas (IoT) está se mostrando uma ferramenta muito produtiva para otimizar processos e melhorar o gerenciamento e rastreamento de frotas. Além de proporcionar segurança aos motoristas, a IoT também permite a medição da vida útil dos veículos, reduzindo os custos de manutenção. A tecnologia também pode medir o consumo de combustível, controlar a velocidade do veículo, definir rotas mais eficientes e até mesmo monitorar o desempenho do motorista.

 

Esse tema foi discutido no último webinar promovido pela Associação Brasileira para a Internet das Coisas – a Abinc do Brasil, e que está diponível no canal do Youtube da associação. O evento abordou a possibilidade de monitorar cada veículo em tempo real, permitindo que as empresas gerenciem melhor suas frotas e tornem o transporte mais produtivo e seguro.

 

“O segmento de transportes foi o que mais sentiu o preço abrupto do combustível. É possível customizar essa inteligência dentro das empresas, avaliando a linha e a rota, de maneira que gaste menos combustível. Por meio dos dados fornecidos pela IoT, conseguimos fazer uma inferência, estudando as informações operacionais e gerando um bom resultado para melhorar a eficiência energética das frotas”, destaca Alexandre Vargha, presidente do Comitê Auto e Mobilidade da Abinc.

 

Mas a inovação no setor de logística e transporte exige investimento e planejamento. Para André Nunes, fundador e desenvolvedor de negócios da Zane Eco BR, para iniciar um projeto como esse é preciso ter clareza sobre os objetivos e necessidades de sua empresa. “Quais são os dados que você quer buscar? A base de informações tem crescido, então se não tiver esse objetivo bem definido você inicia o projeto com uma complexidade maior que a necessária”, alerta o especialista.

 

“Hoje, a informação é muito valiosa. É como petróleo, temos que entendê-la e saber como refinar para transformar em combustível. E a grande pergunta que a gente faz: o que fazemos com esse tanto de informação? A tecnologia nos ajuda a otimizar essa tomada de decisão e processamento das informações”, relata o gerente de sistemas da Stoneridge, Bruno Gillioli.

IoT: até 2025, mais de 27 bilhões de dispositivos estarão conectados

Estudo realizado pela TGT Consult e a Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) mostra o atual cenário do ecossistema no Brasil

 

Mais de 27 bilhões de dispositivos já estão conectados e se conversam no mundo. Essa é uma das constatações da pesquisa ISG Provider Lens Internet das Coisas (IoT). Além da perspectiva global, o estudo também identificou o estágio de maturidade das empresas relacionadas a essa indústria no Brasil.

 

O material, desenvolvido pela TGT Consult e a Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC), mostra que o tema está cada vez mais presente nas empresas privadas e nas iniciativas do governo, uma vez que é considerada uma tecnologia crucial dentro da transformação digital, permitindo que as empresas aperfeiçoem sua eficiência operacional.

 

Segundo o autor do estudo e analista da TGT Consult/ISG, David de Paulo Pereira, o mercado de serviços relacionados a consultoria, implementação e serviços gerenciados de Internet das Coisas evoluiu e amadureceu significativamente desde a publicação do Plano Nacional de IoT. “A gestão e monitoramento de ativos de toda natureza e o uso de dados e inteligência artificial (IA) para tomada de decisão passou a ser uma atividade comum em áreas distintas como Telecomunicações, Agronegócio, Medicina, Logística e com mais frequência em processos fabris”, afirma.

 

“Por uma questão histórica e de contexto local, nós vemos que este mercado é liderado principalmente por empresas que têm uma tradição na manutenção e automação industrial e pelas empresas de Telecom. Em termos de qualidade tecnológica, estamos em pé de igualdade com os países líderes na adoção de IOT, por enquanto com um mercado menor, porém com uma oportunidade enorme de crescimento”, pontua David.

 

“A principal tendência é a junção de IoT com Inteligência Artificial e com a Ciência de Dados. Quando se implementa dispositivos inteligentes, começa-se a coletar um volume gigantesco de dados e saber analisar e usar a Inteligência Artificial para entender padrões e tendências é um fator chave de sucesso. Outro movimento que estamos começando a ver é o uso de gêmeos digitais ou ‘Digital Twins’ para simular o funcionamento de equipamentos e ambientes complexos.” De acordo com David, com esta tecnologia consegue-se avaliar como é o comportamento de um determinado equipamento em diferentes condições ambientais como temperaturas extremas, trepidações, umidade e outras variáveis que podem afetar um equipamento.

 

Para o analista, o amadurecimento de entendimento dos benefícios deste tipo de tecnologia e o amadurecimento do próprio mercado, foram fatores cruciais para o avanço das tecnologias IoT no último ano. Ao mesmo tempo, a pandemia também acelerou a transformação digital e por consequência o uso de dispositivos conectados. “A logística passou a ser crítica para muitos segmentos e monitorar veículos, cargas e objetos passou a ser um fator de sobrevivência para muitos negócios”, cita David.

 

“O Brasil está acompanhando os avanços mundiais com pequena defasagem por conta da nossa infraestrutura e não por falta de conhecimento”, finaliza Paulo Spaccaquerche, presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC).

IoT é o futuro das novas tecnologias, diz ABINC

Pesquisa indica que mundo terá 29,3 bilhões de dispositivos conectados até o final de 2030; entidade comenta como o Brasil vem se comportando neste cenário de crescimento

 

É evidente que atualmente o mundo passa por uma transformação digital, na qual a vida digital e física se funde. E a tendência é que isso só aumente daqui para frente, é o que aponta a pesquisa Transforma Insights, que cita a Internet das Coisas (IoT) como o futuro de várias tecnologias diferentes, prevendo que as conexões globais de IoT crescerão de 11,3 bilhões para 29,3 bilhões até o final de 2030, com destaque para redes de curto alcance, Inteligência Artificial e 5G.

 

O crescimento das conexões citadas no estudo está particularmente focado em aplicações conectadas de curto alcance, como eletrônicos pessoais e domésticos, medição inteligente, automação predial, rastreamento, unidades principais do veículo e alarmes de segurança.

 

Paulo Spaccaquerche, presidente da Associação Brasileira da Internet das Coisas (ABINC), destaca que o principal desafio para a evolução da tecnologia em meio a rápida transformação digital pós pandemia é a formação de mão de obra e cultura. “As empresas têm que aceitar que a transformação digital não é moda e, sim, realidade. É preciso mudar ou a concorrência sai ganhando”.
Mesmo assim, o presidente destaca que o Brasil tem seguido a tendência mundial “de forma surpreendente”. Em maio de 2021, a Sabesp implantou diversos aparelhos de telemedição de consumo de água baseados em IoT, provando que o uso da tecnologia no Brasil já é real e promete se expandir. Além disso, frotas de carros elétricos para uso em serviços públicos e coleta inteligente de lixo já estão em teste e planejamento em cidades brasileiras.

 

No mais, o documento indica que até 2029 as conexões 2G serão menos de 100.000. Apesar de regiões como Estados Unidos e Europa já possuírem 5G desde 2019, o Brasil não está tão longe assim desta realidade que Paulo considera indispensável para os avanços da IoT no Brasil. No final do ano passado, as licenças para operar a tecnologia 5G foram leiloadas pelo Ministério das Comunicações por R$ 6,8 bilhões, e a previsão é que todas as capitais do país implementem a conexão até 29 de setembro.

 

“O IoT não tem sentido se não houver conectividade e o 5G é mais uma forma de conectividade”, comenta Paulo. “Agora, a combinação de 5G e IA no IoT dará possibilidade de atender nichos de mercado que necessitam de respostas quase imediatas com muita precisão. A IoT é responsável pela digitalização das coisas. Tudo que é físico pode ser digital. Isso significa que teremos dados sobre essa coisa física, ou seja, teremos um monte de dados, mas quais serão usados? A IA poderá ajudar na seleção dos melhores dados para o negócio”. Exemplos disso são os carros autônomos e as ações na área médica e hospitalar, casos em que 5G e IA já são uma realidade, como destaca Paulo.

 

Com isso, a ABINC tem feito sua parte para elevar o uso de IoT no Brasil. “Cada vez mais promovendo webinar com cases, participando e apoiando projetos em diversos segmentos do mercado. Vide a cidade de Ivaiporã, que recentemente anunciou um projeto para lançar uma incubadora tecnológica. A pesquisa do Comitê de Utilities. Apoiando eventos de outras entidades e palestrando nesses eventos também”.

 

No mais, o presidente alerta que o uso de 5G e IA nos negócios precisa ser consciente e não pode ser uma decisão tomada com base em tendências. “Não vou utilizar, por exemplo, 5G e IA no agronegócio, pois não preciso de respostas imediatas. Mas posso usar uma LPWAN com Inteligência Artificial que atende meu negócio de uma forma melhor. O próprio negócio que diz o que é preciso. São várias tecnologias e combinações para atender uma demanda de mercado. Qual a melhor?”, finaliza.

 

Com conectividade, Brasil deve avançar rapidamente no desenvolvimento cidades inteligentes, prevê ABINC

Em um futuro próximo, aplicações como carros autônomos e conectividade de streaming vão se tornar mais comuns; no entanto, falta de continuidade em trocas de gestões dos municípios pode ser um desafio.

 

“Uma Cidade Inteligente é aquela que entrega a tecnologia e usa o que tem de melhor com seus recursos para melhorar a vida das pessoas dentro do seu ecossistema”. Isso é o que reforça Aleksandro Montanha, líder do comitê de Cidades Inteligentes da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC). Segundo ele, a conectividade e o 5G estão inaugurando uma nova fase de aplicações tecnológicas no Brasil, que vão potencializar ainda mais o uso de soluções para o desenvolvimento de cidades inteligentes, transformando o futuro em realidade.

 

O líder do comitê da ABINC explica que o 5G e a conectividade abrem um precedente para uma grande capacidade de processamento de sinais, que por consequência vão gerar soluções inéditas no Brasil. “Estamos em um momento onde a maturidade dos algoritmos de inteligência artificial permitem entregar resultados muito melhores, assim se aproximam muito das demandas existentes”, comenta.

 

Neste cenário, aplicações como carros autônomos e conectividade de streaming vão se tornar mais comuns, além de haver uma transição entre tecnologias de metaverso e realidade aumentada, mas existem ainda muitos desafios.

 

“O grande desafio que se instala agora é a diversidade de oferta de tecnologias. A multipluralidade de soluções que muitas vezes não se conversam ou não geram continuidade, geram passivos muito custosos para a administração pública. Esse momento, de forma equivocada, transmite a sensação que existe uma conformidade no trato com o investimento em inovação.”, afirma Aleksandro.

 

O Comitê de Cidades Inteligentes da ABINC tem como objetivo apresentar para a sociedade o que, de fato, é inovação. Atualmente, o grupo está envolvido em projetos para as “Smart Agro-Cities”, com ações em locais como Ivaiporã, cidade do Paraná. Com 30 mil habitantes e um olhar voltado para o agro, a cidade está desenvolvendo um projeto de tropicalização e, ao mesmo tempo, buscando um parceiro internacional para alavancar a tecnologia no município e no estado.

 

“Onde você tem recursos hoje de investimento e muita demanda reprimida é no campo. Então, eu acredito que vamos andar muito forte com a questão de infraestrutura de comunicação estendendo para áreas mais remotas, principalmente para áreas rurais. Por conta disso, nós vamos ter um desenvolvimento dessa integração do campo com as cidades”, adianta Montanha.